Já pensou em unir esporte e arte como ferramentas de empoderamento para mulheres? Foi exatamente isso que o Grupo Alternativo de Mulheres Independentes (GAMI) realizou ao promover oficinas de grafite e formações em percussão para jovens negras, periféricas e populares, além de incentivo ao futebol feminino, no Rio Grande do Norte. A iniciativa recebeu apoio da CESE.

O Grupo Afirmativo de Mulheres Independentes (GAMI) foi fundado em 2003, em Natal. Foto: GAMI
As ações do grupo têm como foco principa a saúde, o bem-estar, igualdade de gênero e redução das desigualdades. O Grupo feminino potiguar acolhe as participantes mediante a permanência na escola, como forma de incentivo à educação e ao protagonismo juvenil.
As oficinas de grafite mobilizaram as jovens em torno de painéis dedicados a mulheres negras que marcaram a história da cidade, reafirmando identidades e promovendo a valorização da memória coletiva.
Também foram realizadas campanhas de arrecadação de recursos, envolvendo toda a comunidade por meio de rifas, eventos culturais e mobilização popular. O engajamento foi essencial, especialmente porque o projeto previa a duplicação do valor arrecadado com doações. O GAMI também conseguiu viabilizar a participação dessas meninas em competições esportivas.

O Batuque de Mulheres envolve música e arte, através da formação de instrumentos percussivo e reúne mulheres plurais. Foto: GAMI
Fundado em 2023 como resposta à discriminação e ao preconceito vivenciados por mulheres nas periferias, o GAMI tem se tornado uma referência no estado por promover transformação social por meio da arte e do esporte. Desde então, o grupo já formou mais de 100 mulheres percussionistas.
“A música transforma vidas. Muitas jovens e mulheres conseguiram sair da depressão com a força do tambor. Ele pulsa os desejos e os sonhos”, afirma Goretti Gomes, presidenta do GAMI.
As formações propostas pelo grupo abordam temas como o enfrentamento ao racismo, feminicídio e outras violências, sempre com o objetivo de empoderar as mulheres na defesa de suas vidas e territórios.



O futebol feminino acolhe mulheres adolescentes, jovens e veteranas. Foto: GAMI
“As mulheres estão se destacando nas rodas de percussão. Criamos um núcleo com alunas monitoras e multiplicadoras. Começam com pequenos apoios e chegam muito mais longe”, comemora Goretti.
O GAMI atua de forma incisiva para garantir o protagonismo das mulheres em espaços historicamente masculinos, como o futebol. “Resgatamos um projeto de futebol feminino que estava desmobilizado. Hoje, acolhemos meninas iniciantes que têm vontade de jogar, mas nunca tiveram oportunidade.”
Os resultados já aparecem: há atletas formadas pelo projeto que hoje atuam em clubes fora do estado, outras aguardam oportunidades, e muitas seguem com o sonho de vestir a camisa da seleção brasileira de futebol feminino.
O grupo também promove um minicurso sobre a participação da mulher no esporte, aprofundando o debate sobre equidade e visibilidade.
“Nosso trabalho tem dois focos: o futebol, que atrai principalmente as jovens, e a percussão, que conecta mulheres adultas. Já formamos mais de 100 percussionistas no nosso município. Queremos que essas mulheres tenham autonomia e reconheçam na música uma profissão possível. O tambor é cura, é resistência. É com ele que elas expressam o que sentem: o coração, o desejo, os sonhos.”
Artivismo como forma de resistência
A arte também é uma das principais estratégias de atuação do grupo. Para Goretti, ela é ferramenta de transformação e reafirmação das identidades femininas.
“A arte sempre foi dominada por homens, e a ausência de mulheres nesses espaços nunca foi por falta de capacidade, mas de oportunidade. Sem arte e cultura, não teríamos alcançado visibilidade, reconhecimento e fortalecimento das identidades femininas”, diz ela.
Com apoio da CESE, por meio do Programa de Pequenos Projetos (PPP), o GAMI deu início a uma etapa pública com oficinas de grafite abertas à comunidade.
Rumo à 2ª Marcha das Mulheres Negras
Atualmente, o grupo se organiza para participar da 2ª Marcha das Mulheres Negras, que acontecerá em novembro, em Brasília. “Este é um momento estratégico para fortalecer a presença da mulher negra em espaços de poder e decisão”, explica Goretti.
O GAMI já iniciou articulações políticas com parlamentares e movimentos de mulheres, formou comitês locais e está engajado nas conferências municipais e estaduais de políticas para as mulheres, com o objetivo de ampliar a representação da mulher negra na esfera nacional.
“Nossa prioridade é mobilizar e levar o maior número possível de mulheres negras da nossa comunidade para Brasília. A partir das ações do projeto, surgiram novos grupos, como o Pretas da Periferia, que se fortaleceram com o conhecimento compartilhado nas atividades promovidas pelo GAMI.”
A força do GAMI está na articulação entre arte, cultura e esporte como caminhos de transformação social. Com cada o, o grupo constrói oportunidades reais e duradouras para mulheres e meninas negras, populares e periféricas do Rio Grande do Norte.
Programa de Pequenos Projetos
Desde a sua fundação, a CESE definiu o apoio a pequenos projetos como a sua principal estratégia de ação para fortalecer a luta dos movimentos populares por direitos no Brasil.
Quer enviar um projeto para a CESE? Aqui uma lista com 10 exemplos de iniciativas que podem ser apoiadas:
1. Oficinas ou cursos de formação
2. Encontros e seminários
3. Campanhas
4. Atividades de produção, geração de renda, extrativismo
5. Manejo e defesa de águas, florestas, biomas
6. Mobilizações e atos públicos
7. Intercâmbios – troca de experiências
8. Produção e veiculação de materiais pedagógicos e informativos como cartilhas, cartazes, livros, vídeos, materiais impressos e/ou em formato digital
9. Ações de comunicação em geral
10. Atividades de planejamento e outras ações de fortalecimento da organização
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